sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Até 2020, Brasil precisará de 1,3 milhão gerentes de projetos | Cíntia Junges - Gazeta do Povo

Estimativa é do PMI, instituto internacional que certifica profissionais que têm como função tirar as grandes ideias do papel.
 
Fazer um projeto é relativamente fácil. Difícil mesmo é tirá-lo do papel com eficiência, administrando custos, tempo, riscos e, principalmente, pessoas. Equilibrar todas essas variáveis é a “praia” do gerente de projetos, um profissional em ascensão nas empresas de todo o mundo.

Até 2020, devem ser criados mais de 13 milhões de postos para gerentes de projetos em todo o mundo, segundo estimativa do Project Management Institute (PMI), associação que certifica os profissionais da área. O Brasil é o quinto país que mais vai demandar esses profissionais nos próximos sete anos, quando 1,3 milhão de novos postos devem ser abertos no país, que tem uma lista extensa de projetos importantes na fila para serem executados nos próximos anos.

Exemplo

Tecnológo voltou à sala de aula para se aperfeiçoar na função

Tecnólogo em redes de computadores, Gilberto Augusto Júnior, de 32 anos, voltou à sala de aula para se especializar em Gestão de Projetos, de olho nas oportunidades que existem na própria empresa em que ele trabalha – a multinacional suíça Landis + Gyr, especializada em soluções de medição de energia. No curso, Junior está aprendendo técnicas e metodologias que ajudam a turbinar diferentes tipos de projetos, sejam grandes ou pequenos, caros ou baratos. “Existem projetos de curta duração, porém, com alta complexidade e custo elevado, o que aumenta muito a responsabilidade do profissional”, diz Junior.

Perfil

Profissional é gabaritado, mas não faz nada sozinho

Um bom gerente de projetos precisa saber transitar entre as diversas áreas da empresa, aplicando sempre a metodologia de gerenciamento de projetos de A a Z, ressalta Thiago Sebben, da Hays. Na hora de contratar, além das competências específicas da área, as companhias estão atrás de profissionais que tenham habilidades para liderar e motivar a equipe na mesma direção, que é o sucesso do projeto. Não é tarefa fácil, mas o gerente precisa ter a capacidade de extrair de cada profissional da equipe aquilo de melhor que ele tem a oferecer. E precisa fazer tudo isso sem perder de vista o orçamento que tem em mãos para entregar um projeto de qualidade dentro do prazo definido.

Segundo Thiago Sebben, head da consultoria de recrutamento Hays em Curitiba, as empresas não estão atrás de profissionais essencialmente técnicos. Mais importante, segundo ele, é o conhecimento em metodologia de desenvolvimento de projetos e a certificação na área, que é bastante valorizada pelas companhias.

A demanda do mercado também já é sentida nas salas de aula, onde a procura por qualificação na área aumentou consideravelmente. Apesar de uma pequena predominância dos profissionais vindos das engenharias, o professor Luis André Fumagalli, coordenador do curso de Gestão de Projetos da Faculdade de Administração e Economia (FAE), tem turmas bastante heterogêneas com alunos formados em diversas áreas como design, TI, educação, turismo. Para Fumagalli, isso mostra que há oportunidades para profissionais com habilidades para gerenciar projetos em todas as áreas. Mas é preciso ter uma visão sistêmica da empresa e dominar as ferramentas de gerenciamento, o que inclui lidar com pessoas. “Percebemos que tem muita gente com bom conhecimento técnico, mas que não consegue trabalhar em equipe, envolver e motivar as pessoas”, afirma o professor.

Salários

Os gerentes de projeto ganham ainda mais importância em um cenário no qual as empresas precisam ser mais produtivas com menos recursos. A compensação por tamanha responsabilidade está na boa remuneração. De acordo com o Guia Salarial 2013 da Hays em parceria com o Insper, os salários podem variar de R$ 12 mil a R$ 25 mil de acordo com a senioridade do profissional e área de atuação da empresa. “Dependendo do segmento, os salários podem subir ainda mais. Por exemplo, profissionais seniores com foco em grandes obras de infraestrutura estão em alta no mercado neste momento. Seus salários podem chegar a R$ 35 mil”, diz Sebben.

Fonte:
09/10/2013 | 00:28 | Cíntia Junges - Gazeta do Povo

Pós e Carreira

terça-feira, 2 de julho de 2013

Sacanagem com nossos projetos

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Acabamos de ser informado por um amigo, bem relacionado e influente no mundo das Engenharias e Projetos Industriais, que uma empresa vencedora de um grande pacote, agraciou a Índia com os projetos que seriam executados no Brasil.
Agora vamos descobrindo que o pouco de trabalho que aparece na área, vai pra fora, assim, os profissionais aqui no Brasil ficam em casa esperando a passagem da Copa e a retomada dos investimentos nos setores de Projetos Industriais.

Nossa área tem dessa baixas!

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Mercado de Projetos Industriais Abril/2013


Ainda são poucas as ofertas no mercado de projetos industriais, muitos profissionais (projetistas), de engenharia da antiga, estão aguardando novas oportunidades em casa. 
Os mais novos até que encontram algo aqui, outra boquinha ali, mas sem grandes remunerações. 

As empresas dizem: "não temos verbas", mas não negam ha existência de diversas propostas em andamento e cotação e que a qualquer momento podem ser aprovadas. 
tendencia é que as contratações voltem a passos de tartaruga a partir de ago/13, se não ficar pra depois do carnaval 2014, quando em ano de eleições estaduais e federais o $$ comece a aparecer. Ah, sem contar com os investimentos em projetos da Copa e Olimpíadas em alguns estados. 
 

Vamos aguardando e alimentando os passarinhos em casa com outras fontes. Boa Sorte a TODOS.

O que vem acontecendo com os profissionais de engenharia de projetos?


(Desconheço o autor - VALE A PENA LER)
Comenta-se sobre as dificuldades que as empresas prestadoras de serviços estão tendo para cumprir seus contratos, que a qualidade do serviço é péssima, que não existem mais os bons profissionais de antigamente, etc.

Esses e outros comentários vão se confirmando nos projetos mal pensados, na dificuldade para encontrar profissionais experientes, nas garantias e seguros que se vão exigindo nos contratos, na lista de empresas tradicionais que já sumiram do mercado e no surgimento, em profusão, das 'Fulano & Beltrano Engenharia Ltda.'.

Em nosso país, a história da engenharia de projetos industriais teve início com o anseio nacional de não mais importar engenharia embutida nos equipamentos. Nos anos 60 surgiram primeiras iniciativas. O grande investidor e comprador dessa engenharia foi o Estado. Pagava-se tudo a bom preço. Muitas empresas se formaram. Pessoas foram treinadas e dignamente remuneradas. Essa fase atingiu seu ápice ao final da década de 1970.
Encerrado esse ciclo, ficou a sensação de que fazer engenharia estava ficando muito caro.
Nas décadas de 1980 e 1990, com os recursos mais escassos, buscou-se uma forma de medir a produção da engenharia. Sem melhor opção passou-se a medir a engenharia medindo-se a produção de desenhos e documentos. Com isso, chegamos ao estágio atual: mede-se, compra-se e vende-se engenharia pela quantidade de horas ou de papel produzido: os desenhos. Essa forma, naturalmente, produziu efeitos negativos na qualidade. Para melhorá-la optou-se então pela fiscalização, optou-se por investir no gerenciamento. Mas, como só fiscaliza ou gerencia bem quem sabe fazer, para essa atividade são contratados os profissionais mais experientes. Com isso observa-se que, via de regra, o conhecimento daquele que sabe não está sendo usado para fazer, nem para ensinar, mas para pressionar aquele que, assustado, está começando a aprender. Como esse tipo de fiscalização ou gerenciamento, obviamente, também já mostra sinais da sua ineficiência, volta-se a pensar em comprar a engenharia embutida nos equipamentos 'empurrando o fardo' para seus fornecedores. Fica mais barato – dizem.

Assim, na prestação de serviços de engenharia estamos quase retornando aos idos de 1960! Isso mostra, de forma inequívoca, que se está atuando nos efeitos e não nas causas. Necessário é, pois, repensar os conceitos e fazer distinção entre engenharia e desenhos de engenharia. Produzir desenhos é tarefa mecânica. Produzir engenharia é atividade essencialmente mental, intelectual. A máquina de engenhar, de produzir ideias, é a mente humana. Os softwares dessa máquina são os conhecimentos obtidos em muitos e demorados 'downloads' nos 'sites' da vida profissional e a matéria prima dessa fábrica de ideias é a informação.

Para produzir soluções de engenharia trabalham-se as informações com os conhecimentos que se tem, conhecimentos estes adquiridos em projetos passados, em experiências vividas. Se a informação, tal qual o conhecimento, é incompleto ou ruim, a solução o será na mesma proporção e qualidade. Até chegar a ser solução, uma ideia precisa ser processada, modificada, re-processada e confirmada por cálculos, esboços, gráficos, etc. E é ao longo desse processo que o profissional se capacita e dá soluções rápidas e eficazes aos diversos problemas. O verdadeiro produto da engenharia não é o desenho, é a solução. Sem ela não há o que desenhar e nem o que construir. O desenho é, por assim dizer, apenas a embalagem do produto, a imagem da ideia concebida na mente de um engenheiro. Por isso, pode-se dizer que os remédios receitados pelos engenheiros são entregues em caixinhas nos vários tamanhos padrão-ABNT: do A0 ao A4. E hoje, o computador pode colocar qualquer remédio em qualquer uma dessas caixinhas, e até em menores do que essas.

Como medir isso? Como medir a produtividade de um engenheiro? Como valorizar a experiência acumulada na mente de um profissional? Pela quantidade de desenhos (caixinhas) produzidos com suas ideias?! Como uma empresa capacitará e manterá novos profissionais? 'Inventando' caixinhas desnecessárias para ser mais bem remunerada? A realidade do mercado tem mostrado que vender caixinhas não é bom negócio. Aliás, financeiramente o bom negócio agora é pressionar (ou fiscalizar?) os que ainda não sabem nem fazer as caixinhas e nem o que colocar dentro delas.

Enquanto a solução não vem, será bom fazer uma pausa na maquinação de contratos tão deprimentes que teve seu ápice nos infames leilões reversos.
Será bom não colocar para concorrer na mesma raia o engenhar e o desenhar. Será bom que os profissionais experientes não se limitem a pressionar sem ensinar. Será bom que as Escolas de Engenharia se aproximem sem ocupar o espaço das Empresas e que introduza em seus currículos uma disciplina que ensine o aluno a pensar, a usar esse fabuloso e ainda desconhecido mecanismo mental humano. Será bom que os que estão começando na profissão, dispondo já dos recursos da informática, tenham com quem aprender a pensar, a engenhar soluções: coisas que o computador não faz. Será bom que esses novos profissionais não confundam saber fazer engenharia com saber usar um bom software de engenharia.

Finalmente, será muito bom que os mais novos aprendam a pensar para que não usem o computador para produzir caixinhas de surpresas.

segunda-feira, 4 de março de 2013

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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Obras paradas atrasadas e superfaturadas no Brasil

Dinheiro do povo indo pro “RALO”

Obras da Petrobras sobre investigação, acompanhe na reportagem do Fantástico.

Fonte: http://g1.globo.com/fantastico/videos/t/edicoes/v/obra-de-usina-no-rs-esta-parada-ha-25-anos/2330039/


Um assunto que, este ano, o Fantástico vai acompanhar com muita atenção: os gargalos da infraestrutura no Brasil. O Show da Vida vai falar de portos, usinas, ferrovias, estradas, que são fundamentais para o país crescer e gerar empregos.
Você vai ver como bilhões de reais são desperdiçados por falta de um bom planejamento. E quem paga essa conta, no final, é você!
Nunca ficou pronta, e parece em ruínas. Há tanto tempo abandonada, que do fosso sobe uma árvore adulta. E muita coisa aconteceu no Brasil desde que o projeto começou.
O início foi ainda no regime militar. Veio o movimento Diretas Já, a morte de Tancredo Neves, o vice, José Sarney, virou presidente - e começaram as obras. Vieram as primeiras eleições diretas - e Fernando Collor parou as obras por falta de verbas. Veio o governo Itamar Franco.
Depois, Fernando Henrique Cardoso privatizou o setor elétrico, e com ele a usina. O primeiro operário presidente, Lula. A primeira mulher presidente, Dilma. E as obras da usina de Jacuí 1, a 60 quilômetros de Porto Alegre, nunca foram terminadas.
Nos depósitos mostrados em vídeo, estão os equipamentos, importados da Alemanha em 1987 pelo equivalente hoje a R$ 500 milhões.
Uma usina completa, com capacidade para abastecer toda a região metropolitana de Porto Alegre, empacotada dentro de galpões há 25 anos.
Instalada, poderia gerar 360 megawatts/hora de energia. Geradores de vapor, turbinas e painéis de controle nunca registram um kilowatt sequer.
A manutenção é feita pela antiga dona, a empresa Tractebel, que comprou a usina em obras na privatização da estatal Eletrosul. A Tractebel afirma que depois vendeu a usina, mas não recebeu o pagamento. O caso está na justiça.
Segundo a Tractebel, os equipamentos são a garantia da dívida. Mas mesmo em bom estado, a possibilidade de que um dia gerem energia são cada vez menores.
Meio bilhão de reais que podem virar ferro velho, se a termoelétrica não for concluída.
“Na verdade, ela seria sucateada. Seria quase vendida a peso de ferro e dos outros metais que existem no lugar”, disse o procurador dos proprietários da usina, Marco Antônio de Costa Souza.
Na época, parecia o plano perfeito pra se aproveitar uma riqueza abundante da região, que está toda sobre um lençol de carvão mineral, a menos de 15 metros de profundidade. Mas o que levou Jacuí 1 às ruínas não foi o fato de que o carvão se tornou o inimigo número um do aquecimento global. Foi uma sequência de compras e vendas mal sucedidas.
Investidores que compraram, mas não pagaram a usina, acabaram presos por falsificar documentos para pegar empréstimo no exterior. Depois, a usina foi parar na mão de uma empresa de previdência privada americana, que faliu.
“Dificilmente se iniciaria um projeto como esse hoje. Mas, no estágio em que se encontra, eu acho um desperdício imenso não se terminar essa obra. Nós temos 70% das obras civis prontas.  A usina está praticamente toda aqui estocada”, explica o procurado. Marco Antonio Costa Souza.
O administrador da massa falida acrescenta que, com um investimento de mais meio bilhão, a usina poderia gerar energia.
Fantástico: Existe chance da usina sair?
“Muito pequena de que essa usina fique pronta, porque são praticamente 22 anos de espera”, disse o prefeito de Charqueadas, Davi Gilmar de Abreu Souza
Durante décadas a região se mobilizou para que a usina fosse terminada. Agora, a prefeitura tem outros planos. Desapropriou boa parte do terreno para fazer um polo industrial.
Sobre o dinheiro público enterrado no lugar, ele afirma: “A gente não sabe em quanto que está essa conta. E é dinheiro público. Isso dói. É dinheiro do contribuinte, do cidadão brasileiro que foi investido nesse projeto de Jacuí 1 que não saiu de onde está”.

Parques eólicos estão com hélices paradas no Nordeste
A 2,6 mil quilômetros, no sertão da Bahia, há outro exemplo de desperdício. No lugar, o recurso abundante é o vento. Basta ver as árvores, que crescem curvadas. E, nas serras da região de Caetité, torres com turbinas eólicas, que poderiam gerar energia limpa e barata, brotam às centenas sobre a caatinga.
O Nordeste já tem instalados e prontos para funcionar parques com capacidade para abastecer uma cidade do tamanho de Brasília. Mas as hélices estão paradas. E não por falta de vento.
Os parques ficaram prontos em julho, bem a tempo de ajudar o Brasil a enfrentar o período das secas, quando os reservatórios das hidrelétricas ficam mais baixos. Só que até agora nem um kilowatt produzido no lugar entrou na rede. Simplesmente porque as linhas de transmissão, que deveriam entregar a energia de lá até o sistema, não foram construídas.
Várias empresas privadas investiram R$ 1,2 bilhão nos parques eólicos.
“Enquanto isso não é escoado, os parques têm que ficar parados. Tem uma manutenção especial, custosa, pra poder manter a máquina que foi feita pra girar, ela ficar parada”, disse o diretor presidente da Renova Energia, Mathias Becker.

Por contrato, como terminaram a construção no prazo, as empresas estão recebendo do governo pela energia que poderiam gerar R$ 33,6 milhões por mês. De julho a outubro, foram R$ 134,4 milhões. E, segundo a Aneel, deve passar dos R$ 440 milhões até setembro, quando as primeiras linhas deverão ficar prontas. Esse dinheiro sai da sua conta de luz.
Cabos enrolados no local indicam literalmente um fim de linha. Toda a energia produzida pelos parques eólicos da região já poderia chegar até o lugar. Bastaria os cabos cruzarem a estrada pra chegar a uma subestação que deveria ter sido construída em um terreno onde o mato ainda está crescendo. Do ponto mostrado em vídeo até a linha principal pra se conectar ao sistema nacional, são 120 quilômetros. Só que as obras ainda nem começaram.
A responsável pela linha é a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). O diretor de engenharia da empresa diz que a culpa é da demora nos licenciamentos ambiental e do patrimônio histórico. Mas a Aneel entendeu que a Chesf geriu mal os prazos, e multou a empresa em R$ 12 milhões - o que dá menos de 10% do prejuízo acumulado até agora.
A Aneel informa que vai cobrar esse dinheiro da Chesf.
Fantástico: A Chesf é também uma empresa pública?
“A Chesf é uma empresa de economia mista”, disse o diretor de Engenharia e Construção da Chesf, José Aílton de Lima.
Fantástico:Com maioria controladora do poder público. O contribuinte brasileiro. Se a Aneel ou a Chesf pagarem o prejuízo, de qualquer maneira o prejuízo sai do consumidor.
“De Todo jeito.Se fosse privada também. Quem paga a conta é sempre o consumidor de qualquer jeito. No momento em que a energia não tiver lá, não tiver saindo da usina, o consumidor vai estar pagando”, disse o diretor.
Especialistas apontam as linhas de transmissão como o ponto crítico do sistema elétrico brasileiro hoje.
“Quando hoje nós observamos alguns apagões aqui e ali, isso quer dizer subinvestimento nas redes, subinvestimento na rede de transmissão. Não adianta você ter geração e ter distribuição se você não tem aquele meio que é a transmissão de energia”, explica o especialista em infraestrutura Cláudio Frischtak.
No Brasil inteiro, 58 linhas de transmissão estão com as obras atrasadas em pelo menos quatro meses; 21 são de responsabilidade da Chesf. Em outras cinco a Chesf faz parte do grupo construtor.

Repórter: A empresa não tentou dar um passo maior que a perna? Ou pegar muitas concorrências, muitos leilões sem conseguir entregar as obras?
Diretor: A empresa que não tentar dar um passo maior que a perna não é uma empresa, é outra coisa. Toda empresa que se preza dá um passo maior que a perna. E nós vamos continuar dando passo maior do que a perna. Isso pra mim não é problema.
Neste momento, o Brasil não pode desprezar energia. Está usando todas as usinas térmicas, por causa dos reservatórios baixos nas hidrelétricas.
Sobre o risco de apagão que o Brasil corre, Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, afirma: “Depende de que horizonte você está olhando. Se você olhar a realidade hoje, não. Hoje não estamos correndo esse risco de maneira dramática como corremos por exemplo em 2008. Mas se olharmos pra frente, supondo que o Brasil volte a crescer a taxas que todos desejamos, então nós temos que olhar pros problemas que estão acontecendo como indicadores de que há um risco, sim”, disse o presidente do Instituto Acende Brasil, Cláudio Sales.
“No momento eu diria que a gente não corre o risco de falta de energia. O risco que a gente corre é dessa energia ser progressivamente muito cara”, diz o ex-presidente da Eletrobrás, José Luiz Alquéres.
Outra energia indispensável é combustível. A frota de veículos mais do que dobrou em dez anos. Somos autosuficientes em petróleo, mas precisamos importar cada vez mais gasolina, por falta de refinarias.

Um imenso complexo petroquímico, na região metropolitana do Recife, a Refinaria do Nordeste, A Abreu e Lima, deveria resolver parte do problema. Só podemos mostrar imagens de helicóptero, porque a Petrobras não permitiu o acesso ao canteiro de obras, alegando falta de segurança. Pelo projeto inicial, ela já deveria estar funcionando.
Só que as obras estão com dois anos atraso. E com essa demora, os custos também se multiplicaram. Em 2005, quando foi aprovado o orçamento para a construção, era de R$ 4,7 bilhões. Em agosto do ano passado, ele foi revisto pela Petrobras para 41,2 bilhões. Um aumento de mais de oito vezes e meia.

Numa cerimônia no ano passado, a presidente da Petrobrás disse que o caso da refinaria deveria ser estudado e nunca mais repetido. 
“As razões são muitas. Erros de planejamento, erros de projeto, entrega de equipamento atrasado. Então, tudo isso está colaborando pro preço duplicar, triplicar, multiplicar por 20”, disse o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires.
Mas a Petrobras diz que houve muitas mudanças no projeto, e não dá para usar o preço inicial como referência.
“É uma referência a um projeto muito diferente do projeto que esta sendo implementado”, diz o gerente-executivo de engenharia e abastecimento, Mauricio Guedes.
Segundo a Petrobras, a refinaria terá capacidade para produzir também outros combustíveis com nova tecnologia ambiental.
Então, um projeto diferente, sendo implantado num cenário diferente, num contexto diferente.
Mas o relatório Fiscobrás, editado pelo Tribunal de Contas da União, aponta irregularidades.
A terraplenagem teria sido superfaturada em R$ 90 milhões. Outros cinco contratos têm sobrepreço, ou seja, serão pagos preços muito acima do mercado.
Segundo o TCU, nesses cinco contratos o prejuízo para os brasileiros, todos sócios da Petrobras, chega a R$ 1,380 bilhão. A Petrobras não acatou a recomendação de paralisar as obras e refazer os contratos.
“Paulatinamente, nós temos esclarecido todas as irregularidades ou supostas irregularidades apontadas pelo TCU. E até hoje não existe julgamento sobre nenhuma irregularidade que tenha, em definitivo, sido constatada como tal pelo TCU. Até hoje conseguimos esclarecer a maior parte delas. Tem uma pequena parte que a gente ainda precisa esclarecer. E essa discussão continua”, disse gerente-executivo de engenharia e abastecimento, Mauricio Guedes.

Para especialistas no setor do petróleo, as causas do aumento de custos são muitas.
Abreu e Lima começou errada desde o momento que foi escolher o sócio  que foi a PDVSA da Venezuela. Até hoje a PDVSA não colocou um tostão na obra. No Rio de Janeiro, a Petrobras constrói outro complexo petroquímico, o COMPERJ - também atrasado, e também com indício de sobreço apontado pelo TCU. O contrato de implantação de uma tubovia está R$ 163 milhões acima do preço de mercado.
Um exemplo de falha de planejamento ocupa um grande espaço no porto do Rio. São 13 equipamentos - todos muito grandes e muito pesados para passar nas estradas existentes.
Estão no pátio há um ano e meio, porque não tem como ser transportados até o complexo petroquímico.

Precisam atravessar a Baía de Guanabara, chegar à Praia da Beira, em São Gonçalo.
Mas no lugar não há sinal de obras para construir o píer onde os equipamentos serão desembarcados. Para ser levados por uma estrada especial - que ainda não existe - até a obra do Comperj. A Petrobras não informa quanto está pagando pelo espaço ocupado no porto. Mas o Fantástico apurou que esse valor está na casa dos milhões de reais.
A poucos quilômetros de Caetité, no sertão da Bahia, bem perto das usinas eólicas paradas que mostramos no início desta reportagem, mais uma noite chega escura para Dona Luiza.
“Eu sento aqui na calçada de noite no escuro sozinha, só mais Deus, olhando. A gente já acostumou. Tudo no escurinho. Tem vez que a tem lamparina. Tem vez que não tem. Não tem nem pra comprar o óleo para colocar nela. Fazer o que? Não tem novela, porque não tem energia”, conta a agricultora Dona Luiza.

A eletricidade ainda não chegou a mais de um milhão de lares no brasil. A agricultora não tem o dinheiro para puxar os fios, a 500 metros de casa.
Ela conta o que vai querer colocar em casa, quando tiver energia: “só uma geladeira pra guardar as comidinhas. Às vezes, sobra um pouquinho que tem que botar na geladeira. Por que a gente não tem a geladeira, sobrou tem que jogar fora”.
À luz da lamparina, ela sonha. “Tem que sonhar mesmo. Sonhar sempre. Um dia vai chegar. Fé em Deus”, diz a agricultora.

O Fantástico tentou por três semanas uma entrevista com o Ministro de Minas e Energia, mas não foi atendido.